Manual prático para iniciantes no mundo dos vinhos

Esta matéria não vai tornar você um enólogo. Mas é o suficiente para não ficar boiando na roda de amigos e beber melhor

 

 A cartela à sua disposição
Podemos dividir os vinhos em quatro categorias:

– Tinto:

A fermentação do mosto (o suco de uva que inicia o processo) ocorre em contato com as cascas, de onde vem a cor da bebida.

– Branco:

O mosto é fermentado sem contato com as cascas. As uvas podem ser brancas ou tintas.

 – Rosé:

É feito a partir de uvas tintas, mas, neste caso, o contato do mosto com as cascas acontece por um curto espaço de tempo.

– Espumante:

É um vinho comum ao qual é adicionado uma mistura de cana de açúcar e leveduras chamada liqueur de tirage. A substância gera uma segunda fermentação, cujo resultado é o gás carbônico (que transforma a bebida em espumante).

As principais uvas usadas na produção de vinho branco são:

– Chardonnay (também é um importante ingrediente do champanhe).

– Chenin blanc (dá origem a vinhos secos e doces).

– Pinot blanc (aqui a bebida é mais leve e frutada).

– Sauvignon blanc (é ácida e fresca).

As principais uvas usadas na produção de vinho tinto são:

 – Cabernet sauvignon (origina o seco mais difundido pelo mundo).

 – Lambrusco (típica na Itália).

–  Malbec (produz vinhos com aromas florais). merlot (é semelhante à cabernet sauvignon, mas com sabor mais leve),

– Periquita (gera o superfamoso vinho português).

– Pinot noir (alguns dos vinhos mais caros do mundo vêm dela).

– Syrah (tem gosto forte de especiarias).

De frente com a prateleira. O que fazer?

Boas marcas investem em rótulos bem detalhados. A etiqueta contém importantes informações sobre o vinho, como região de origem, nome do fabricante, ano de produção, variedade de uva usada, graduação alcoólica e identificação do engarrafador. “Se você não consegue interpretar tudo que está escrito no rótulo, guarde o nome dos fabricantes dos vinhos que você já provou e aprovou. Outra opção é ir direto nos produtores mais famosos. O vinho pode não fazer seu estilo, mas é um produto de qualidade e a chance de seus convidados gostarem é maior”, sugere Nicolas Audebert, chefe de enologia da vinícola Terrazas de los Andes.

Preço é documento?

Acredite, não! Mas numa coisa os enólogos são categóricos: se você puder abrir a carteira (mais de US$ 15 já é um valor razoável), a chance de ter um produto de qualidade é bem maior.

E o tempo? Faz o vinho ficar melhor?

Depende. “O bom vinho é aquele que tem a capacidade de envelhecer com qualidade. Ou seja, você pode tomá-lo hoje ou daqui a 20 anos. Mas o perfil da bebida não vai ser o mesmo! Com o tempo ela vai ficando mais encorpada, mais intensa. Cabe a cada pessoa experimentar e descobrir a que mais lhe agrada. Vinho bom é aquele de que você gosta”, explica Nicolas. É, amiga, o jeito vai ser experimentar!

Como devo armazenar meus vinhos?

Guardá-los em uma adega climatizada é o ideal, mas ok, nós sabemos que no mundo real pouca gente consegue ter um espaço desses dentro de casa. Por isso, se ligue nas seguintes dicas: para começar, deixe as garrafas na posição horizontal, assim a rolha fica em contato constante com o líquido. Caso ela resseque, o ar de fora pode entrar na garrafa, e aí… bye bye, vinho! Na medida do possível, armazene o produto em locais onde a temperatura não varie muito – 15°C é o ideal –, e evite ambientes com muita claridade. Na hora de servir, atenção à temperatura também. Para os tintos, o ideal é entre 15°C e 17°C. Se escolher um branco, mantenha-o entre 10°C e 12°C – o rótulo, muitas vezes, vem com esta informação.

Aprenda as gírias

Corpo
Sensação de “peso” que o vinho provoca na boca.

Frutado
Vinho que tem aroma de frutas.

Fresco
É o que tem acidez marcante.

Amanteigado
É o que deixa uma textura aveludada na boca.

Harmonizar
Significa “combinar com”.

 

Entenda o rótulo

 

Diz se o vinho é seco (quase sem açúcar),

demi-sec (pouco açúcar) ou doce (bastante açúcar) e indica a safra. As safras variam muito. Duas dicas: 2005 e 2008, para vinhos brasileiros, e 2005 e 2009 para vinhos de Bordeaux.

Veja quanto gastar

R$ 35 – No dia a dia

R$ 60 – Para receber os amigos

R$ 120 – Para datas especiais

R$ 250 para cima – Para jantar especial.

Use aplicativos

O Vivino (Android e iOS) e o Delectable (Android e iOS) são geniais: você tira uma foto do rótulo e o app diz se o vinho é bom e com o que harmoniza.

Sirva direito

Se o vinho for branco, coloque-o na geladeira uma hora antes de servir. Se for tinto, meia hora. Não bebeu o vinho todo? Tampe a garrafa com a rolha e guarde-a – fora da geladeira – por no máximo dois dias.

A cor da carne define a do vinho

Em linhas gerais, com carne branca, serve-se vinho branco. Com a carne vermelha, vinho tinto. Isso é uma boa indicação inicial. A cor é básica. Se a comida é puxada para o vermelho, para a carne, para o molho vermelho, a indicação primeira de todas é que seja o tinto.

 A cor da carne e a do molho são importantes e devem se associar à do vinho. Os molhos são mandatórios para escolher o vinho

Confie no seu gosto

A enologia é cheia de modas e regras, mas o melhor vinho sempre será aquele que mais agrada você. Experimente de tudo, e então escolha se baseando no que você gosta – não no preço, safra ou idade da bebida.

 

Fontes:
Mauro Marcelo Alves, jornalista especialista em vinhos; Luciano Vian, presidente da Associação Brasileira de Enologia; livro Vinho e Muito Mais, de Marcelo Copello.

Thais Harari

Juliana Costa

 

 

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