Carlos Braz é agitador cultural e historiador. Idealizador do Festival Freakshow e toca na banda Iguanas.

MINUTO ROCK

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The Smashing Pumpkins

Fúria, melancolia e guitarras esmagadoras                                                                                                                                    por Carlos Braz

É impossível falar dos anos 90, ou do rock alternativo, sem mencionar The Smashing Pumpkins. A banda surgiu em meio ao furacão Grunge. Por isso, costuma ser associada ao estilo. No entanto, as influências da banda vão além, passando pela New Wave, Indie, referências progressivas e shoegazing. Resultando no mais autêntico Rock Alternativo.

Formada em Chicago no ano de 1987, a banda teve formações diferentes, incluindo uma onde Billy Corgan era baixista, James Iha, guitarrista e bateria eletrônica. Em 1988, a banda completou sua formação clássica, com Billy Corgan (vocal e guitarra), James Iha (guitarra), D’arcy  Wretsky (baixo) e Jimmy Chamberlin (bateria). Após lançar singles pelas gravadoras independentes Limited Potential e Sub Pop, ambos em 1990, assinaram com a gravadora Caroline Records e lançaram Gish, seu álbum de estreia em 1991. Produzido por Butch Vig, o disco já trazia a sonoridade peculiar da banda e excelentes músicas como “I Am One”, “Rhinoceros”, “Bury Me” e “Daydream”. O álbum tinha tudo para ser um grande sucesso comercial, mas acabou sendo ofuscado pelo sucesso gigantesco de Nevermind, da banda Nirvana. Devido à pressão do sucesso grungeBilly Corgan chegou a ficar deprimido, mas, em seguida, começou a trabalhar compulsivamente nas composições que dariam origem ao álbum “Siamese Dream”. Lançado em 1993, o disco elevou o Smashing Pumpkins à condição de uma das maiores bandas da década de 90. Os vídeos de músicas como “Today” e “Disarm” foram exaustivamente exibidos na MTV, principal meio de divulgação musical da época. Com produção de Butch Vig, mesmo produtor de Nevermind Gish. O disco trouxe outras excelentes músicas como “Cherub Rock”, “Quiet”, “Geek USA”, “Rocket”, “Spaceboy”, “Soma” e “Mayonaise”. Garantiu excelentes vendas e a primeira nomeação ao Grammy.

Após o sucesso incontestável de “Siamese Dream”, a banda entrou definitivamente para o mainstream. Por isso, não precisava mais se preocupar em superar outras bandas, mas em se superar. Com grande expectativa da imprensa musical e do público, foi lançado o álbum duplo “Mellon Collie and the Infinite Sadness” em 1995. Conceitual e ambicioso, o álbum contava com 28 canções, dentre elas “1979”, música que se tornou sucesso instantâneo. O peso de músicas como “Zero” e “Bullet with Butterfly Wings” fizeram a cabeça do público mais grunge, rendendo à banda um Grammy de melhor performance de Hard Rock na premiação de 1997. A música “Tonight Tonight”, cujo clipe é de uma beleza ímpar, foi indicada a oito categorias do MTV Video Music Awards de 1996, ganhando seis prêmios, incluindo o de melhor Vídeo do Ano. Na mesma premiação o vídeo da canção “1979” ganhou o prêmio de Melhor Vídeo Alternativo. Mellon Collie se tornou o álbum duplo mais vendido nos USA na década de 90, sendo certificado nove vezes com platina.

No auge do sucesso, uma tragédia atingiu a banda quando, em julho de 1996, o tecladista contrato da banda e o baterista oficial, Jonathan Melvoy e Jimmy Chamberlin sofreram uma overdose de heroína. Melvoy morreu, Chamberlin sobreviveu, mas foi preso por porte de drogas e, em seguida, demitido da banda.

 

O quarto álbum da banda teve uma mudança radical de estilo, aproximando-se do eletrônico e do gótico. Sem o baterista Jimmy Chamberlin, a banda gravou com diversos bateristas e com bateria eletrônica. Na época, Billy Corgan passava por duas perdas, a morte de sua mãe e um divórcio. Essas perdas influenciaram as composições e letras. Adore (1998) é um dos álbuns mais belos dos anos 90. No entanto, não foi compreendido pelo público e crítica, sendo considerado um fracasso comercial nos Estados Unidos, embora, no restante do mundo, o disco tivesse um alcance maior, vendendo três vezes mais que no país da banda.

Em 1999, Machina/The Machines of Gods, quinto álbum, foi lançado. A gravação do disco contou com o retorno do baterista Jimmy Chamberlin, agora recuperado do vício. Infelizmente, a formação clássica durou apenas até o final da gravação do Machina, pois, após a finalização do álbum, a baixista D’arcy Wretzky deixou a banda, sendo substituída por Melissa Auf der Maur, ex-baixista da banda Hole. Embora o álbum tenha resgatado todo o vigor da banda, as vendas estagnaram. Provavelmente devido à mudança do mercado musical, influenciada pelo avanço da internet e por uma nova juventude mais ligada ao pop.

Em dezembro de 2000, a banda anunciou seu fim. Para despedida, fizeram um show de 4 horas com 35 músicas, no mesmo local onde a banda fez sua primeira apresentação, no The Metro, Chicago.

Em 2001, Billy Corgan formou a banda Zwan. Além de Corgan (vocal e guitarra), o grupo contava com Jimmy Chamberlin (bateria), Matt Sweeney (guitarra), David Pajo (guitarra) e Paz Lechantin (baixo / vocal). O projeto durou de 2001 a 2003. Gravaram o álbum Mary Star of the Sea, contendo as excelentes faixas “Honestly” e “Lyric”. Em 2003, Corgan anunciou o fim da banda, dizendo que seu coração sempre estará ligado ao Smashing Pumpkins.

Em junho de 2005 Corgan lançou um álbum solo, The Future Embrace. Em 2006 anunciou o retorno dos Smashing Pumpkins, mas, somente em 2007, a reunião foi confirmada. No entanto, da formação original, havia apenas dois membros, Billy Corgan e Chamberlin. A baixista Wretzky e o guitarrista Iha ficaram de fora, sendo substituídos pelos músicos Jeff Schroeder e Ginger Reys, guitarra e baixo.

Em 2007 a banda lançou o álbum Zeitgeist. Em janeiro de 2008 lançaram o EP American Ghotic, contendo 4 canções. Em 2009 o baterista Jimmy Chamberlin deixou a banda. Em 2012 a banda lançou o álbum Oceania. Em 2013 outro álbum, Teargarden by Kaleidyscope. Em novembro de 2014, Monuments to an Elegy.

A banda continuava produzindo discos e fazendo turnês, mas o público ainda tinha esperanças de uma reunião com os membros originais. Em 2016 veio a notícia do retorno de Jimmy Chamberlin ao Smashing Pumpkins. Logo depois foi a vez do anúncio do retorno do guitarrista original, James Ilha. Porém, a baixista D’arcy Wretzky ficou de fora. Com 3 dos quatros membros originais, foi lançado em 2018, o álbum Shiny and Oh So Bright, Vol. 1/LP: No Past, No Future. O disco foi produzido por Rick Rubin.  O disco trouxe uma sonoridade muito próxima da fase Mellon Collie and the Infinite Sadness, especialmente, na música Silvery Sometimes (Ghosts), muito similar ao hit “1979”.

Atualmente a banda segue em turnê mundial. Os fãs continuam sonhando com a formação original completa.

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