Ouça gravação inédita de João Gilberto, Caetano e Gal juntos em 1971

Caetano Veloso voltou do exílio em Londres em 1972. Mas, um ano antes do retorno definitivo, o músico passou cerca de um mês no Brasil. A irmã Maria Bethânia conseguiu autorização dos militares para Caetano comemorar os 40 anos de casamento de seus pais, na Bahia. A experiência foi traumática para o músico, que foi interrogado durante horas por militares assim que pisou no País.

Poucos meses depois, Caetano recebeu uma ligação de João Gilberto, convidando-o para vir ao Brasil tocar com ele em um especial de TV. Em sua biografia Verdade Tropical, Caetano recorda as palavras de João ao telefone: “É Deus quem está me pedindo para eu lhe chamar. Ouça bem: você vai saltar do avião no Rio, todas as pessoas vão sorrir para você. Você vai ver como o Brasil te ama”. E assim foi.

Aproveitando uma brecha dos militares, João Gilberto reuniu Caetano Veloso e Gal Costa para tocar ao lado dele em um show especial para TV Tupi. “Vim porque João mandou”, disse Caetano à Folha de S. Paulo ao desembarcar no aeroporto de Congonhas no domingo, 8 de agosto de 1971. Naquele mesmo dia, os três músicos se reuniram no Teatro Tupi e gravaram por seis horas a fio. O resultado foi um programa de cerca de 1h30, com participação do guitarrista Lanny Gordin no violão.

As gravações desse show agora estão entre nós, devido ao trabalho do produtor musical e pesquisador Pedro Fontes. Ele conseguiu uma fita k7 com o áudio do show, tratou o material e lançou no YouTube. A fita lhe foi cedida por Ion de Freitas Filho, que gravou tudo em fita de rolo direto da TV e depois passou para o k7. Você pode ouvir tudo em primeira mão nos vídeos abaixo.

A fita de Ion de Freitas Filho, tratada por Pedro Fontes, é um material inédito e corresponde a 2/3 do show que foi exibido pela TV Tupi. Ion chegou a gravar a última parte do show, mas a fita foi perdida.

De todo modo, as canções da parte final do show podem ser ouvidas separadamente no canal de Pedro Fontes. O áudio destas músicas é da fita que ficou com a Fundação Padre Anchieta, doada por Cyro Del Nero, cenógrafo que também trabalhou no especial junto com os produtores Fernando Faro e Alvaro de Moya.

Enquanto a fita de Ion traz um material inédito, a parte final, do arquivo da Fundação Padre Anchieta, foi utilizada pelas rádios do grupo, a Cultura Brasil e Cultura FM. Mas no canal de Pedro Fontes o áudio está tratado e mais limpo.

A Universal Music detém mais gravações daquela noite, porém não tem planos de lançá-las. Isso porque no, início dos anos 1990, João Gilberto processou a EMI (cujo catálogo hoje pertence à Universal) por adulterações em seus primeiros álbuns.

Fonte:

http://volumemorto.com.br/

 

 

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