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50 curiosidades sobre a Jovem Guarda

por Anna Virginia Balloussier

Consolidado com este nome em 22 de agosto de 1965, a partir da estréia do programa televisivo Jovem Guarda exibido pela TV Record, em São Paulo, apresentado pelo cantor e compositor Roberto Carlos, conjuntamente com o também cantor e compositor Erasmo Carlos e da cantora Wanderléa, deu origem a toda uma nova linguagem musical e comportamental no Brasil. Sua alegria e descontração transformaram-na em um dos maiores fenômenos nacionais do século XX.

O trio estreava ao vivo, como anfitrião, o “Jovem Guarda”, programa da Record que colocou o iê-iê-iê de vez na boca do povo.

Curiosidades:

1. O publicitário Carlito Maia (1924-2002) se inspirou num aceno de Lênin ao proletariado russo para batizar o movimento: ‘O futuro do socialismo repousa nos ombros da jovem guarda’

2. Carlito, que depois criaria o bordão petista ‘Lula lá’, também clamava a paternidade das expressões Ternurinha (Wanderléa), Tremendão (Erasmo) e ‘é uma brasa, mora?’

O publicitário Carlito Maia

3. Gírias: É uma brasa, mora? – Muito bom, entende?
Quadrado – Algo ultrapassado
Pra frente – Algo moderno
Vula – Algo muito veloz
Bicho – Forma de tratamento
Pão – Garoto bonito
Broto – Garota bonita
Carango – Carro bacana
Calhambeque – Carro velho
Coroa – Velho
Cuca – Cabeça
Papo firme – Alguém muito legal

  1. Em 1957, Cauby Peixoto cantou aquele que é considerado o primeiro rock brasileiro: ‘Rock ‘n’ Roll em Copacabana’, sobre a dança que faz ‘a garotada na calça a se desabafar’

  1. No mesmo ano, Roberto Carlos e Tim Maia integram a banda roqueira The Sputniks

  1. Carlos Imperial, que criou o Clube do Rock em 1958, era acusado de não dar créditos aos parceiros musicais. Eduardo Araújo, com quem escreveu ‘O Bom’, era um dos que reclamavam

  1. Roberto precisava da transcrição de ‘Hound Dog’, de Elvis Presley, e um amigo em comum lhe apresentou em 1958 a um garoto que colecionava letras de rock ‘n’ roll: Erasmo Carlos

  1. Tremendão, antes de ganhar esse apelido, era o ‘faz-tudo’ de Carlos Imperial na TV Tupi

  2. O ‘yeah, yeah, yeah’ de ‘She Loves You’, dos Beatles, foi abrasileirado para o tal do ‘iê-iê-iê’

  3. Há mais de 200 releituras de Beatles na época

  4. ‘Menina Linda’ (‘I Should Have Known Better’), do Renato e seus Blue Caps, fez mais sucesso no Brasil do que o compacto original.

 

  1. O grupo de Renato Barros, inicialmente, se chamava Os Bacaninhas do Rock da Piedade

  2. Roberto faz uma pontinha de menos de dez segundos como pipoqueiro na comédia musical ‘Alegria de Viver’ (1958), escrita por Chico Anysio

  1. Em 1958, Roberto e Erasmo fizeram figurações no cinema: usaram bigode postiço para serem caipiras em ‘Aguenta o Rojão’ e tocaram na banda de Cauby Peixoto em ‘Minha Sogra É da Polícia’

Carlos Imperial, Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Cauby Peixoto em Minha Sogra é da Polícia

  1. Erasmo, aliás, foi preso por roubar o cartaz de ‘Minha Sogra…’ num cinema da rua Haddock Lobo, em São Paulo. Demorou para convencer o delegado que um dos sujeitos no pôster era ele

  2. Sob direção de Luís Sérgio Person, Roberto, Erasmo e Wanderléa começaram a filmar ‘SSS Contra a Jovem Guarda’, em 1966

  1. No longa, que não foi para frente, o trio combateria conservadores ‘anti-iê-iê-iê’ que queriam operar a garganta de RC para impedi-lo de cantar

  2. O protagonista da Jovem Guarda enfim estreou nas telonas (sem os amigos) em ‘Roberto Carlos em Ritmo de Aventura’ (1967)

  1. Wanderléa ganhou filme próprio em 1968: ‘Juventude e Ternura’. Daniel Filho ajudou no roteiro

  1. Carlos Imperial usou a sola do chinelo para escrever duas músicas (‘Horóscopo’ e ‘Nunca Mais’) da trilha desse filme

  2. ‘Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa’ reuniu o cantor com Wanderléa e Erasmo nas telonas e foi o filme mais visto de 1970: 2,6 milhões de espectadores

  1. No longa de Roberto Farias, Ternurinha compra uma misteriosa estatueta num antiquário no Japão, e a confusão -que envolve um samurai- começa

  2. O programa ‘Jovem Guarda’ só existiu porque a Federação Paulista de Futebol, ao notar estádios esvaziados, proibiu a exibição de jogos na TV.

  3. A Record investiu na nova geração para ocupar A ideia inicial era ter Celly Campello apresentando ‘Jovem Guarda’ ao lado de Roberto, mas a intérprete de ‘Banho de Lua’ já estava decidida a abandonar a carreira para casar. Roberto Carlos chamou então Wanderléa e Erasmo

  1. Roberto teria encomendado dez ternos ‘estilo Beatles’ para apresentar a atração da Record

  2. O primeiro programa teve Tony Campello, Rosemary e Prini Lorez. Roberto teve de sair num fusquinha para despistar a histeria dos fãs que cercavam o Teatro Record.

  1. Roberto criava apelidos para convidados do programa, como Granada Romântica (Ary Sanches) e Queijinho de Minas (Martinha)

  2. O baixinho Prini Lorez (que se inspirou no americano Trini Lopez, de ‘La Bamba’) era o ‘Cavaleiro Negro’ por usar calças boca-de-sino e se vestir de preto, pra não ficar ‘parecendo um anão’

prini lorez – Rocket 88

  1. Roberto e Erasmo ficaram meses sem se falar após Tremendão, num programa de Wilson Simonal, cantar sucessos da dupla sem citar o parceiro

  2. No final, os ídolos juvenis iam encher a cara na vizinha boate Cave, na rua da Consolação

A extinta boate Cave

  1. Os drinques preferidos: Cuba Libre e ‘uisquinho’, lembra Jerry Adriani

  2. Wanderley Cardoso tinha cabelo crespo, mas era cobrado por um penteado mais Beatles. ‘Pus muita meia na cabeça, essas de mulher mesmo, para deixar o cabelo liso’

  3. Roberto Carlos e o comediante Paulo Silvino cantavam Elvis Presley nos Terríveis, criado por Carlos Imperial, que tocava piano

  4. Antes de ser comediante, Silvino encarnava o roqueiro Dixon Savannah; pendurava no pescoço medalhões de bolacha Maria

  5. Sérgio Reis, hoje ícone sertanejo, começou a carreira na Jovem Guarda, com ‘Coração de Papel’ (1967)

  1. Martinha também se voltou ao lado boiadeiro da força: nos anos 1990, compôs canções para Chitãozinho & Xororó (‘Nossa História’) e Leandro & Leonardo (‘Contradições’)

  2. Reginaldo Rossi (1944-2013), que viraria o Rei do Brega, liderou a banda Rock the Silver Jets em 1964

  1. O ex-estudante de engenharia depois abriria shows de Roberto Carlos e lançaria hits como ‘Tô Doidão’ e ‘O Gênio Cabeludo’

  2. Desfeita a dupla Leno e Lilian (de ‘Pobre Menina’), ele fez um álbum psicodélico produzido por Raul Seixas: ‘Vida e Obra de Johnny McCartney’ (1971), de músicas como ‘Não Há Lei em Grilo City’

  3. A ditadura censurou várias letras, e a gravadora CBS engavetou o projeto -lançado só em 1995

  4. Erasmo Carlos, Eduardo Araújo e Carlos Imperial foram acusados de corrupção de menores (fãs adolescentes). Acabaram inocentados

  5. Wanderléa foi ameaçada de morte após recusar o pedido de casamento de um fã. Na delegacia, ele disse que fumava maconha para esquecê-la

  6. Em 1966, Roberto abriu dois postos de gasolina no shopping Iguatemi de SP, que chamou de RoCar, e Erasmo, o Restaurante Tremendão

  7. Ao inaugurar os postos (que ainda existem), o cantor contratou 80 seguranças para 400 convidados

  8. Para a geração, Raul Seixas compôs hits como ‘Tudo o que É Bom Dura Pouco’ (Jerry Adriani) e ‘Ainda Queima a Esperança’ (Diana)

  1. O empresário de Wanderley Cardoso paquerou uma telefonista para que seu artista fosse o mais votado num programa na TV Rio, o que fomentou a rixa com o amigo Jerry Adriani

  2. Wanderley foi um dos primeiros Trapalhões, com Renato Aragão, Ted Boy Marino e Ivon Curi, na TV Excelsior.

  1. Ele participou do primeiro filme da trupe humorista (já com Dedé, mas sem Mussum e Zacarias): ‘Na Onda do Iê-Iê-Iê’ (1966)

  2. Hoje os dois não comentam sobre o assunto, mas a atriz Maria Gladys foi namoradinha de Roberto Carlos

  3. Erasmo comprou briga com a bossa nova na época: ‘Se continuar esnobe, vai pifar’. Elis Regina revidou: ‘Esse tal de iê-iê-iê é uma droga’.

  4. A Jovem Guarda não foi um movimento político. Por isso, é impossível cobrar qualquer posicionamento político do grupo.

  5. Hoje, a média de idade dos integrantes da Jovem Guarda é de 75 a 80 anos. Velha Guarda?

Fontes:
‘Jovem Guarda – Em Ritmo de Aventura’, de Marcelo Fróes (Editora 34); Acervo Folha

https://www.folha.uol.com.br/

 

 

 

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