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Literatura de cordel
Por Me. Fernando Marinho
Dia 19 de novembro, comemora-se o Dia do Cordelista. Homenagem a quem dá brilho às histórias brasileiras, colhidas e criadas em todo o país, mas especialmente na região Nordeste. O outro nome do cordel é tradição. Mas tradição repleta também de expressões muito autênticas, de ironia, de poesia elaborada, por mais simples que pareça. A data vem do nascimento do poeta paraibano Leandro Gomes de Barros, em 1865.
O cordel tornou-se uma referência de literatura característica do Nordeste brasileiro, fortalecendo ainda hoje a identidade regional.
A literatura de cordel veio junto com os portugueses, adentrando o Brasil pelo Nordeste e propagando essa cultura pela região nordestina do país, que, posteriormente, tornou-se referência em cordel.
Por abordar histórias e situações características da região, o cordel fortaleceu o folclore e o imaginário regional. Sua impressão em grande quantidade e rapidez fez com que se popularizasse, principalmente, porque sintetizava de maneira simples histórias. Hoje, a literatura de cordel é reconhecida como patrimônio cultural imaterial, existindo até uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Origem
De origem portuguesa, a literatura de cordel começou com o Trovadorismo medieval, por volta do século XII. Os trovadores cantavam e espalhavam histórias para a população que, na época, era em grande parte analfabeta, mas acabava tendo acesso às histórias por meio dessas canções.
Já na Renascença houve muitos avanços tecnológicos, como a prensa mecânica, que deu início à imprensa. A invenção dessa tecnologia permitiu a impressão de grande quantidade de palavras no papel e com maior rapidez. Com essa agilidade na produção, a distribuição da palavra, que até então era apenas cantada, passou a ganhar a casualidade das ruas.
Assim começou a cultura do cordel, que era apresentado nas ruas pendurado em cordas – ou cordéis, como é chamado em Portugal –, popularizando histórias regionais. Quando os portugueses chegaram ao Nordeste brasileiro, trouxeram consigo esse costume que aqui fica conhecido como a literatura de cordel, famoso principalmente em Pernambuco.
No Brasil, o cordel popularizou-se por volta do século XVIII, quando também ficou conhecida como poesia popular, já que aqui a técnica advinda de Portugal ganhou novas temáticas regionais, divulgando histórias de uma maneira simples, possibilitando que a população compreendesse com facilidade.
A propagação do cordel ocorreu por meio dos repentistas (ou violeiros), que, similarmente aos trovadores medievais, cantavam histórias musicadas e rimadas nas ruas das cidades, popularizando os poemas que depois vieram a ser os cordéis.
Principais poetas de bancada (autores de cordéis)
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Leandro Gomes de Barros
O primeiro brasileiro a escrever cordéis. Acabou fazendo parte do imaginário popular do Nordeste brasileiro, por exemplo, quando Ariano Suassuna, grande dramaturgo nordestino, fez referência a Leandro em sua peça ‘Auto da compadecida’ com o cordel ‘O testamento do cachorro’ e ‘O cavalo que defecava dinheiro’. Leandro produziu mais de 240 obras campeãs de vendas.
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João Martins de Athayde
João ficou popular por utilizar em seus cordéis imagens de artistas de Hollywood. Fazendo parte da primeira geração de autores de cordéis, João foi um dos primeiros poetas a ter sua própria editora especializada em cordéis. Após a morte de Leandro Gomes de Barros, João comprou os direitos de publicar vários de seus cordéis, sendo apenas de recente data a descoberta da verdadeira autoria de Leandro.
Principais características
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As xilogravuras que ilustram as páginas dos poemas acabam por ser uma grande característica dos cordéis. A técnica é bastante usada por partir do mesmo princípio de impressão das palavras: uma base que é esculpida como um carimbo e prensada em uma superfície, deixando o negativo impresso.
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Possui musicalidade por ter métrica e rimasem seus versos.
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Os cordéis tratam dos costumes locais, fortalecendo as identidades regionais e o folclore.
Exemplo de cordel
Ai! Se sêsse!…