A MPB já passou por diversas transformações, deu origem a novos estilos e se apropriou de outros — há quem diga que hoje já estamos na terceira fase da Música Popular Brasileira, mas também tem quem ache melhor não classificar nada, só dizer que é MPB e pronto.
O fato é que a MPB engloba uma extensa quantidade de artistas, desde Chico Buarque, Tom Jobim e Elis Regina, passando por Marisa Monte e os Tribalistas, até chegar aos nomes mais recentes, como Silva, Tiago Iorc e Anavitória.
Quer saber mais sobre o estilo e conhecer a história da MPB? Preparamos um super resumo pra você com os principais marcos, desde as origens da Música Popular Brasileira. Não vai perder, né? Dá o play no nosso top hits da MPB para ouvir enquanto lê!
História da MPB
A expressão “música popular” é usada por aqui há séculos, mas sem se referir a nenhum movimento ou grupo artístico específico. A história da MPB só começa de verdade na segunda metade da década de 60.
O contexto era o seguinte: a bossa nova, com influências do samba e do jazz americano, fazia sucesso com sua proposta de criar músicas mais sofisticadas, falando do cotidiano e das belezas do Brasil. Grandes nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Nara Leão já faziam sucesso com esse movimento.
Ao mesmo tempo, havia um outro grupo que queria resgatar as origens da música brasileira, buscando inspiração no folclore e nos ritmos tradicionais vindos de diferentes regiões do país.
Logo depois do começo da ditadura, em 1964, os dois movimentos se uniram como uma frente cultural contra o regime e adotaram a sigla MPM (Música Popular Moderna). A mudança de MPM para MPB teria sido, entre outras coisas, por influência do grupo MPB4, que surgiu mais ou menos na mesma época.
Primeiras músicas da MPB
O marco inicial da MPB foi a música Arrastão, escrita por Edu Lobo e Vinicius de Moraes e interpretada por Elis Regina. Além de inaugurar o que viria a ser conhecido como Música Popular Brasileira, a canção ainda foi o pontapé inicial da brilhante carreira de Elis.
No ano seguinte, a músicaPedro Pedreiro, de Chico Buarque, também entrou para a lista da MPB, e a partir daí foram surgindo mais e mais sucessos. Em 1966, as músicas Disparada, interpretada por Jair Rodrigues, e A Banda, de Chico Buarque, foram consideradas o marco definitivo de ruptura da MPB com a segunda geração da Bossa Nova.
Canções de protesto e a era dos festivais
Por ter surgido como bandeira de luta, a Música Popular Brasileira nasceu com letras críticas, as chamadas canções de protesto— músicas que tentam chamar a atenção dos ouvintes para problemas políticos e sociais. Podemos citar como exemplo a clássica Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores, de Geraldo Vandré.
Nesse mesmo contexto, estava acontecendo outro fenômeno que mudou a história do Brasil: a popularização da televisão. A música, que até então só era ouvida no rádio, ganhou espaço nas telinhas e surgiram os famosos festivais musicais, responsáveis por consagrar de vez a MPB.
Apesar da censura do regime, muitos artistas conseguiram se apresentar nos festivais cantando músicas que eram verdadeiras canções de protesto contra a ditadura. Alguns, infelizmente, não conseguiram fugir da censura, como Chico Buarque e Gilberto Gil, que tiveram o áudio cortado ao apresentarem a música Cálice, no festival Phono 73.
Tropicália
A música Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, foi apresentada no 3º Festival de Música Popular Brasileira, em 1967, e marcou o início definitivo de um importante movimento dentro da MPB: o Tropicalismo.
Ao contrário do que se fazia até o momento, as músicas perderam o tom sério de crítica direta e passaram a abusar dos trocadilhos, das ironias e das figuras de linguagem, adotando uma sonoridade mais pop e experimental. Entre os maiores representantes do movimento estão a banda Os Mutantes e o próprio Caetano, que também é autor da música Tropicália.
A Jovem Guarda
Durante o mesmo período, surgiu uma outra vertente que consagrou nomes como Erasmo Carlos e Wanderléa: a Jovem Guarda. O movimento também teve seu espaço garantido na televisão e no coração dos brasileiros.
Acontece que a Jovem Guarda foi para um caminho bem diferente do que tomava a MPB: adotou um estilo mais voltado para o rock, com guitarra elétrica, ritmos dançantes e letras com temas mais superficiais. Justamente por isso, existe uma eterna discussão em torno dessa questão: Jovem Guarda é ou não é MPB?
Novos rumos pós ditadura: é MPB ou não é?
E não foi só a Jovem Guarda que foi questionada — nos anos 80 e 90, novos estilos musicais começaram a ganhar força no Brasil e as letras começaram a apresentar outros temas. Nomes como Cássia Eller se destacaram com a influência do rock (que já vinha antes com Raul Seixas e Rita Lee). O sertanejo se espalhou pelo Brasil, surgiram novas vertentes no samba e até estilos totalmente inéditos, como o funk.
Com tantas mudanças, os conceitos da MPB precisaram ser alargados. Hoje, apesar de o conceito exato não ser definido, existe ao menos um consenso entre a maioria: nem tudo é MPB, mas a MPB tem, sim, várias influências diferentes e não é homogênea.
Importância da MPB para o Brasil
A Música Popular Brasileira teve importância em vários movimentos sociais. É por isso que ela costuma ser classificada como um conjunto de manifestações artísticas e culturais que vão além do gênero musical. Ela foi muito importante na luta contra a censura e na busca pelo resgate das raízes culturais brasileiras, tanto que a história da MPB chega a se misturar com a do Brasil.
Mas se engana quem pensa que a importância da MPB ficou no passado. Artistas como Tiago Iorc são um ótimo exemplo de que ela continua aqui para questionar e nos fazer refletir sobre os problemas sociais. Vários novos artistas têm se destacado e dado novos ares à MPB, seja buscando a fórmula “original” ou construindo novos conceitos.
Ouça mais MPB
Deu pra perceber o quanto a MPB é importante na nossa história, né? (Assim como vários outros estilos musicais que também contribuíram muito na cultura brasileira).
Excelente documentário.
Abração.