Novos Baianos

Novos Baianos é um grupo formado em 1969, em Salvador, do encontro do letrista Luiz Galvão (1937) e do compositor Moraes Moreira (1947) com Paulinho Boca de Cantor (1946), no vocal e pandeiro e Baby Consuelo (1952), no vocal e na percussão.

O quarteto inicial é acompanhado pela banda Leifs em seis de seus nove álbuns. Demais integrantes somam-se ao grupo: o instrumentista e compositor Pepeu Gomes (1952), o baixista Dadi Carvalho (1952) e os percussionistas Jorginho Gomes (bateria, guitarra, cavaquinho, ukulelê e bongô), José Roberto Martins Macedo, o Baixinho (1952-2003) (bateria e bumbo) e Bolacha (bongô e percussão).

A primeira apresentação se realiza em Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio (1968), no Teatro Vila Velha, em Salvador. O nome do grupo é criado em 1969 durante o 5º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record (São Paulo), apresentando a canção “De Vera” (Moraes Moreira e Luiz Galvão). O apresentador chama ao palco “esses novos baianos”, alusão aos conterrâneos ilustres Caetano VelosoGilberto GiL e Tom Zé .

Em 1970,  lançam o primeiro LP, É Ferro na Boneca. É um disco de rock com inspirações psicodélicas e nuances da jovem guarda. Galvão escreve letras de cunho filosófico e comportamental que não são censuradas pela ditadura militar, apesar de algumas possuírem referências lisérgicas. A canção título diz “olhe o produto que há na bagagem, e não é uma estrada, é uma viagem” (Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira). Diversas canções do disco são tema dos filmes Meteorango Kid (1969) e Caveira My Friend (1970), ambos do diretor André Luiz Oliveira (1948).

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Os músicos passam a morar juntos em um apartamento no Rio de Janeiro e intensificam a rotina de ensaios. Da convivência com o compositor João Gilberto (1931), amigo de Galvão, incorporam gêneros musicais diversos às composições, como bossa nova, frevo, baião, choro, afoxé, batucada, ijexá e frevo elétrico. A mescla de música brasileira com guitarra elétrica e rock é aprofundada e, apesar de não serem os primeiros a misturar o rock com o samba, constroem toda a sua obra nesse sentido.

Novos Baianos têm a sua intimidade escancarada em páginas de um novo livro - Folha PE

Em 1972, lançam Acabou Chorare. Durante a concepção e produção do disco, vivem em um sítio na estrada para Jacarepaguá. Os arranjos complexos são possíveis por serem ensaiados e vivenciados no cotidiano da comunidade. A presença de acordes dissonantes em ritmos internacionais e brasileiros, música do interior da Bahia mesclada com guitarra elétrica, baixo e bateria com cavaquinho, chocalho, pandeiro e agogô aparecem a partir deste disco.

Novos Baianos  A Menina Dança

A obra faz apologia ao fim da tristeza que se abate sobre a música popular, em especial nas músicas de protestos contra a ditadura militar. A canção título simboliza essa característica, brincando com a linguagem, em interpretação minimalista de Moraes Moreira. Outras canções do disco, como “Brasil pandeiro” [Assis Valente (1911-1958)], “Tinindo Trincando” (Moraes Moreira e Luiz Galvão), “Preta Pretinha” (Moraes Moreira e Luiz Galvão) e “Besta É Tu” (Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Luiz Galvão), permanecem em paradas de sucesso por semanas.

Os Novos Baianos – Acabou Chorare (2018, Vinyl) - Discogs

A vivência no sítio, em meio a música e partidas de futebol, inspira o disco seguinte, Novos Baianos F.C. (1973). As inovações rítmicas e líricas permanecem na exaltação ao Brasil, como em “Sorrir e Cantar Como Bahia” (Moraes Moreira e Luiz Galvão) e “Só se Não For Brasileiro Nesta Hora” (Moraes Moreira e Luiz Galvão).

Novos Baianos F.C. | Discografia de Novos Baianos - LETRAS.MUS.BR

Essa configuração leva-os a participar do carnaval de Salvador, inaugurando o que eles chamam de “Rockarnaval”, inserindo voz, teclados e música popular cantada nos blocos de percussão carnavalescos, como se conhece atualmente. Isso chama a atenção da imprensa e de festivais no exterior, que convidam o grupo para espetáculos.

Novos Baianos  Samba da Minha Terra

No ano seguinte, a convite da gravadora Continental, o grupo grava Novos Baianos (1974), também chamado de Linguagem do Alunte. Neste disco, evidenciam-se os riffs de guitarra que permeiam a melodia num contracanto. No mesmo ano, Moraes Moreira retira-se do grupo para se dedicar à carreira solo, e a banda lança Vamos pro Mundo (1974). O grupo aposta no virtuosismo e inclui faixas instrumentais de choro, baião e samba.

Novos Baianos lança "Os Anos Continental 1973-1974" em versão box - Revista Marie Claire | Cultura

O disco Caia na Estrada e Perigas Ver (1976) preserva a fórmula que mistura rock, samba e um hit brasileiro. A releitura de “Brasileirinho” [Waldir Azevedo (1923-1980)] é bastante executada. No ano seguinte, o grupo lança Praga de Baiano (1977), inspirado em trios elétricos. O destaque é “Vassourinha” (Matias da Rocha e Joana  Batista Ramos), música frequente no carnaval de Pernambuco.

Novos Baianos - Caia Na Estrada e Perigas Ver Lyrics and Tracklist | Genius

O espírito coletivo se dilui com a saída de Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes e Baby Consuelo, que iniciam carreira solo. O trabalho que antecede a dissolução do grupo é Farol da Barra (1978), com regravações de “Isto Aqui o que É”? [Ary Barroso (1903-1964)] e “Lá Vem a Baiana” [Dorival Caymmi (1914-2018)]. Em 1997, os músicos reencontram-se e gravam Infinito Circular, com algumas canções inéditas e os grandes sucessos.

Lp - Novos Baianos - Farol Da Barra - 1978 - Cbs | Mercado Livre

Os Novos Baianos destacam-se por ser uma banda que busca a descontração e mesclas musicais. A riqueza harmônicas do samba e do chorinho aplicada ao rock e a exaltação ao país ou a influência mútua entre a música brasileira e estrangeira permeiam as composições do grupo, como “Biribinha nos States” (Pepeu Gomes) e “Swing de Campo Grande” (Moraes Moreira/ Paulinho Boca de Cantor/ Luiz Galvão).

DOCUMENTÁRIO NOVOS BAIANOS FUTEBOL CLUBE

Novos Baianos participa do MPB Especial

Os Novos Baianos são os convidados do programa MPB Especial (hoje conhecido como Ensaio) em 1973, um ano após o lançamento do álbum “Acabou Chorare”, respondendo as perguntas de Fernando Faro e cantando/tocando, eles contam da influência de João Gilberto e seu samba no que culminou no disco considerado o melhor da música popular brasileira pela revista Rolling Stone em sua Lista dos 100 maiores discos da música brasileira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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