Helena Meirelles – o som da viola caipira
Filha de um pai paraguaio e uma mãe matogrossense, Helena Meirelles nasceu em 1924, no Mato Grosso do Sul, em meio a uma realidade dura, uma época em que somente homens podiam tocar instrumentos musicais, um período em que possuir um instrumento significava cantar as verdades de um homem, jamais de uma mulher.
Cresceu junto ao mundo dos peões, vendo a boiada correr com o som do berrante. Mas foi o som da viola caipira – ou só viola – que chamou a atenção de Helena. Sem qualquer tipo de incentivo, de fato, ela enfrentou a resistência de seus pais que tentaram de todas as formas a impedir, Helena aprendeu a tocar sozinha, observando os homens à sua volta.
Contudo, Helena era firme e sabia o que queria, e aquilo o que ela queria, ela não poderia ter junto de sua família. Casou-se e saiu de casa aos dezesseis anos. O problema, é que seu marido também não aceitava o fato dela tocar, então ela o abandonou.
Foi viver daquilo o que gostava, tocando viola em bares e na zona da cidade de Presidente Epitácio Pessoa – SP. Lá, Helena ficou conhecida como uma grande violeira e uma exímia bebedora de cachaça.
Seu programa nos bordéis era tocar para a clientela, sempre acompanhada de doses e mais doses de pinga e do fumo mascado, outro companheiro inseparável. Mas Dona Helena fez de tudo na vida. Foi lavadeira, benzedeira, parteira. Só não foi capacho de ninguém. E punha sua arte acima de tudo.
Helena dizia gostar de tocar em festas de famílias, mas preferia trabalhar na zona. Disse que nunca foi desrespeitada nos prostíbulos, mas que era comum ver um homem usar o cano de sua arma para mexer a cerveja e bater nas mulheres, como bem entendiam.
Casou-se novamente duas vezes, e foi com o terceiro marido que passou a maior parte de sua vida, quase 40 anos. Trouxe onze filhos ao mundo sem a ajuda de ninguém, realizando os seus próprios partos. Deixou os seus filhos com famílias adotivas por onde passava e seguiu o seu caminho como violeira.
Depois de desaparecer por mais de 30 anos, foi encontrada bastante doente por uma irmã, que a levou para São Paulo, onde foi “descoberta pela mídia” a partir de uma matéria elogiosa na revista norte-americana “Guitar Player”.
Foi escolhida em 1993 pela Guitar Player como uma das “100 mais” por sua atuação nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas. A revista Guitar Player a incluiu entre os 100 melhores do mundo.
A danada entrou num pôster da revista ao lado de gente como Jimi Hendrix, Eric Clapton, Keith Richards e B.B. King. Também teve sua história contada em filme, no longa Helena Meirelles, a Dama da Viola e um documentário Dona Helena –
Helena Meirelles faleceu em 2005, em consequência de cardiorrespiratória aos 81 anos, vítima de um quadro de pneumonia crônica.
Fonte:
https://produzindocultura.com.br/
https://correiodoestado.com.br/ Marcos Pierry
https://rollingstone.uol.com.br/
Muito bom conhecer a música popular brasileira , neste caso “Dona Helena”, através do Minuto cultural.