Phono 73

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Festival de música não competitivo realizado no Palácio de Convenções do Anhembi (SP), nos dias 11, 12 e 13 de maio de 1973, com a participação dos artistas que pertenciam ao cast da gravadora Phonogram (hoje Universal), na época: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Chico Buarque, Gal Costa, Toquinho, Vinicius de Moraes, Erasmo Carlos, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Jorge Mautner, Wanderléa, Ronnie Von e outros. O evento teve a direção de Armando Pittigliani e foi registrado nos LPs originais (três volumes) “Phono 73 – O canto de um povo”, posteriormente editados em CD. Em 2005, foi lançada a caixa “Phono 73”, contendo dois CDs e um DVD, este gerado a partir de imagens registradas na época por Guga de Oliveira em filme de 35mm, que permaneceram inéditas até então.

 

Phonogram registrou momento histórico da MPB em ‘Phono 73″

LUIZ FERNANDO VIANNA

 Phono 73 foi um festival realizado no Palácio de Convenções do Anhembi, entre 11 e 13 de maio de 1973, com todo o elenco da Phonogram,

A multinacional tinha quase todos os grandes nomes da dita MPB e resolveu reuni-los em um grande evento de marketing, que também tinha um inevitável viés político, já que se vivia o período mais repressivo da ditadura militar.

“Os militares achavam que a gravadora estava cheia de comunistas, e os artistas nos viam como direitistas. Na verdade, o que nós queríamos era gravar boa música brasileira”, diz Armando Pittigliani, então diretor do departamento de serviços criativos da Phonogram e diretor-geral do Phono 73.

O lado promocional era nítido, tanto que a gravadora, pouco antes do festival, reuniu os artistas para uma foto que usou em um anúncio com a frase “Só nos falta o Roberto”.

Mas o Rei nunca foi. O que importa hoje, no entanto, é outro lado: o da contestação, política e estética, o do registro de artistas em momentos tão criativos quanto tensos. O exemplo mais claro é o de Gil e Chico Buarque, que tinham acabado de compor ” e ter censurada ” “Cálice”.

Resolveram levar a música para o palco e tiveram os sons de seus microfones cortados por ordem de policiais.

Como o som da mesa de áudio permaneceu ligado, ficou guardado o que Chico disse após o corte: “Estão me aporrinhando muito. Esse negócio de desligar o som não estava no programa. Claro, estava no programa que eu não posso cantar a música (“Cálice”) nem “Anna de Amsterdam”. Não vou cantar nenhuma das duas. Mas desligar o som, não precisava não”.

Apreensão
Só é possível ouvir essa fala nos extras do DVD, que é a grande novidade. No vídeo, é possível perceber a apreensão na primeira parte de “Cálice”, quando Gil substituía versos por sons.

Cálice /  (Chico Buarque e Gil na Phono 73)

Segunda parte não houve.

“Um agente do Dops obrigou o técnico a desligar. Não havia o que fazer. Mas ele e o Menescal só desligaram o som local, não o da mesa nem o da rádio, que transmitia ao vivo”, diz Pittigliani.

No disco também há algumas imagens de Chico, irritado, cantando “Cotidiano” e “Baioque”. No fim desta,ele grita, fora do microfone mas de modo bem reconhecível: “Censura filha da puta!”.

A seu lado, os cantores do MPB-4 gritam sons desconexos para protestar. O DVD dura apenas 35 minutos. Foi o que sobrou das imagens feitas na época por Guga de Oliveira.

Há imagens incríveis como a de Caetano Veloso totalmente performático  em “A Volta da Asa Branca” (Luiz Gonzaga/Zé Dantas): ele simula cantoria de cego, emenda outras músicas, joga-se no chão e dança como que em transe. Em outra cena, ele se ajoelha aos pés de Jorge Ben (Jor), enquanto este improvisa com Gil.

Infelizmente, as câmeras não filmaram o duo de Caetano com o brega Odair José em “Eu Vou Tirar Você desse Lugar”. As vaias do início viraram aplausos no fim, quando ele enfatiza um verso da música: “Não me importa o que os outros vão pensar”.

Está em um dos CDs. “E ele ainda disse uma frase histórica: “Nada mais Z do que um público classe A””, conta Pittigliani, lembrando que Caetano propôs o duo, e difícil foi convencer Odair de que era verdade.

Está no DVD a famosa foto de Maria Bethânia e Gal Costa beijando-se na boca. Elis Regina, Toquinho, Vinicius, Erasmo Carlos, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Jorge Mautner, Wanderléa, Ronnie Von. Há muito mais gente.

Não dá para chamar de “O Canto de um Povo”, como estava no encarte dos dois LPs originais e é o subtítulo da caixa. Mas é o canto de uma época em que se acreditava cantar em nome de um povo.

Raridade – Festival de Música – Phono 73.wmv

PHONO 73 • O Canto De Um Povo (Disco 1 – Album Completo)

PHONO 73 • O Canto De Um Povo (Disco 2 – Album Completo)

PHONO 73 • O Canto De Um Povo (Disco 3 – album completo)

 

 

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