https://g1.globo.com/
Rock in Rio completa 35 anos
Multidão acompanha show do Rock in Rio em 1985, na primeira edição do festival em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O evento contava com o maior palco do mundo já construído até então, com 5 mil metros quadrados de área — Foto: Rock in Rio/Divulgação
Os portões da Cidade do Rock, no Rio de Janeiro, abriram pela primeira vez no dia 11 de janeiro de 1985. O primeiro dia da história do Rock in Rio teve Queen, Iron Maiden, Whitesnake, Pepeu Gomes com Baby Consuelo, Erasmo Carlos e Ney Matogrosso.
Trinta e cinco anos depois, o festival já teve 20 edições – somadas as do Brasil e do exterior, que tiveram mais de 10 milhões de ingressos vendidos.
Rock in Rio: Histórias e curiosidades
Jornalismo Independente
A edição do Rock in Rio de 2019 chegou o fim. Entre selfies e apresentações históricas, também fica a saudade dos momentos inesquecíveis. Por isso separamos algumas histórias e curiosidades sobre o festival.
Segundo a Forbes, o Rock in Rio (RiR) é o sétimo maior festival de música do mundo em número de pessoas ( 700 mil pessoas). Mas como tudo começou?
Uma loucura de Roberto Medina
O ano era 1985 e o Brasil estava passando por importantes mudanças políticas e enfrentando o fim do regime militar. O país estava caminhando rumo à democracia. O empresário e publicitário, proprietário da agência Artplan, Roberto Medina teve a ideia de criar o festival:
“EU TINHA UMA AGÊNCIA DE PROPAGANDA E O BRASIL ESTAVA SAINDO DE UM PERÍODO DE 30 ANOS DE DITADURA MILITAR. E EU ACHEI QUE QUE TÍNHAMOS QUE MOSTRAR A CARA DA JUVENTUDE BRASILEIRA”.
Na época, o maior evento de música no Brasil, reunia 40.000 pessoas. E, entre 11 e 20 de janeiro de 1985, num terreno alagadiço de 250 mil metros quadrados em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, o que equivalia a 12 estádios do Maracanã, reuniu cerca de 1,4 milhão de pessoas, que viram aquele que seria o maior festival de rock do País até hoje.
Ninguém acreditava no projeto
Um evento de grandes proporções como idealizado por Medina tinha ingressos cobrados em cerca de US$ 80. No primeiro Rock in Rio, em 1985, cada ingresso custava o equivalente a US$ 10. Inclui-se um fator determinante: o custo do festival aqui era três vezes maior, já que tudo era importado.
Medina tinha o desafio de arrecadar cerca de US$ 25 milhões. Vale lembrar que o universo do rock’n’roll era marginal na época. Mesmo seus funcionários, da agência Artplan, não acreditavam no projeto.
Durante a primeira reunião com seus funcionário, onde apresentou o projeto, Medina ouviu do então “jovem talento” da agência, Nizan Guanaes, atual controlador do Grupo ABC de Comunicação, um conselho importante: Adotar um discurso corporativo, apresentar o projeto a potenciais patrocinadores, não como a realização de um sonho, mas como uma tremenda oportunidade de exposição para marcas em busca de canais de comunicação com o público jovem.
Na época, mas rejuvenescer a marca junto aos brasileiros, a Brahma estava lançando uma nova marca, Malt 90, e queria se conectar ao público jovem. Medina propôs o patrocínio ao Rock in Rio e conseguiu um patrocínio de de US$ 20 milhões.
Uma ajuda de Frank Sinatra
Medina fez quase 70 reuniões em 45 dias e ouviu 70 “nãos” aos seus convites para
Roberto Medina e Frank Sinatra, em 1985 / Imagem: Arquivo Folhapress
trazer as grandes bandas da época para o Brasil. As bandas de rock internacionais não tinha desejo de tocar no Brasil.
Os empresários brasileiros desse mercado tinham fama de não cumprir os acordos comerciais dos contratos e cancelar shows em cima da hora. Alguns dos motivos eram:
-
Em 1982, boa parte do equipamento do Kiss fora roubado.
-
Anos antes, Rick Wakeman levara um calote dos promotores brasileiros.
-
O Queen tocara em São Paulo em 1981, mas teve o show no Maracanã cancelado em cima da hora por ordem do então governador Chagas Freitas, que achava a performance de Freddie Mercury inadequada para a família brasileira.
Em 1980, Roberto Medina conseguiu promover um show histórico de Frank Sinatra no Maracanã, reunindo 175.000 pessoas e entrou para o Guiness Book. Com esta bagagem, Medina apelou para o amigo Sinatra.
Sem cobrar nada por isso, o cantor participou de uma coletiva para promover o evento e as bandas começaram a ver com outros olhos o Rock in Rio.
Ozzy Osbourne e a banda Queen foram os primeiros a acertar sua participação no evento.
Rock ou Pop?
O festival foi criado, na verdade, para ser uma plataforma de comunicação e promoção de marcas.
“Foi assim que o festival nasceu e passou a ser relevante para as marcas. Elas pagam uma parte importante da conta”, é o que afirma Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio e filha do Roberto Medina, em entrevista ao Valor Econômico.
Um dos objetivos de Roberto Medina, publicitário e idealizador do Rock in Rio, era promover uma experiência de marca, e não um festival de rock.
“UM PESQUISA DE MERCADO DETERMINA QUAIS ATRAÇÕES SERÃO AS MAIS VIÁVEIS PARA SE APRESENTAR NO FESTIVAL. SOMOS UM EVENTO ‘MAINSTREAM’, E SÓ ASSIM SE VENDE INGRESSO. NÃO É PELO GOSTO PESSOAL DE NINGUÉM. É UM EVENTO DE PUBLICITÁRIOS”, ACRESCENTA ROBERTA.
A ideia do evento era aproveitar um ensejo comum na época, pois na década de 1980 houve a maior explosão da história do rock. Foi a década de ouro, quando estouraram a maior parte das grandes bandas que temos até hoje.
© Cholby Fotografia Era o momento de apostar no Rock. Após a primeira edição do evento, em 1985, só houve a segunda edição em 1991. Após 16 anos muita coisa havia mudado.
O rock já não estava tão vivo quanto antes; não havia mais boa parte das grandes bandas do passado. A década era da popularização do Pop.
E quem também reforça a ideia da diversidade cultural do Rock in Rio é o Curador do palco Sunset e diretor artístico do palco ‘Favela”, a grande atração desta edição, Zé Ricardo.
Em entrevista para o G1, ele afirma:
“Sempre aparece alguém falando para mim ‘Que absurdo, cadê o rock?’. Mas nunca foi um festival só de rock. Já teve Ivan Lins, Moraes Moreira. As opiniões mudam de dois em dois minutos. É muito parecido com futebol. Você anuncia uma banda e falam que é um horror. Depois anunciam outra e dizem que te amam”.
Curiosidades do festival
-
Ao longo de sua história, o Rock in Rio já recebeu 9,5 milhões de pessoas. Esse número é maior do que a população dos Emirados Árabes Unidos.
-
Na primeira edição do evento foram 10 dias ininterruptos de festa.
Outra coisa que impressiona é o line-up(listaLine-Up do primeiro Rock in Rio, em 1985 / Imagem: Divulgaçãode apresentações) do evento, que contou com a presença de 15 artistas nacionais e 16 internacionais.
-
O hino oficial do festival (Que a vida começasse agora, que o mundo fosse nosso de vez, que a gente não parasse mais de se amar…) é uma parceria do compositor Nelson Wellington e do maestro Eduardo Souto Neto(também foi o criador do “Tema da Vitória”). A canção foi gravada originalmente pelo grupo Roupa Nova.
-
A edição do RiR 2019 terão 6 palcos no Rock in Rio 2019: Mundo (Palco principal), Sunset (Alternativo), New Dance Order (Música Eletrônica), Rock Street Ásia (Música Asiática), Rock District (homenagens aos grandes nomes da música) e Espaço Favela (Música, cultura e comidas típicas das comunidades cariocas).
Desde de 1985 foram 19 edições (112 dias de música) com 2,038 artistas, 9,5 milhões de pessoas nas plateias (quase a população dos Emirados Árabes Unidos / 9.599.353 habitantes). Foram gerados 212,5 mil empregos.
-
São 4,2 milhões de seguidores no Twitter.
-
006.360 fãs na página oficial do Facebook.
-
948 mil seguidores no
-
373 mil inscritos no YouTube.
-
3,1 mil seguidores no Flickr.
-
Na última edição, em 2017, a potência sonora do Rock in Rio foi de 1 milhão de watts, o que o tornou o maior sistema sonoro já montado em todo o mundo.
-
A edição de 2015, em Las Vegas, teve o menor público da história do evento, de 172.000 pessoas, distribuídas pelos 4 dias de festival (média de 43.000 por dia).
-
O maior público em números absolutos foi justamente do primeiro Rock in Rio, em 1985, que aconteceu em uma área de 250.000 m² em Jacarepaguá. 1,38 milhão de pessoas presenciaram o evento. Em modo de comparação, o famoso festival de Woodstock, que aconteceu em 1969 nos EUA, trouxe um público de aproximadamente meio milhão de pessoas. Em 1985, o Rock in Rio, teve quase 3 vezes mais.
-
Para contratar os artistas internacionais na primeira edição, o empresário Roberto Medina deu o prédio de sete andares da Artplan como garantia de um empréstimo bancário.
-
Ozzy Osbourne foi o primeiro artista a confirmar presença em um Rock in Rio. O roqueiro, que tinha acabado de sair de uma clínica de reabilitação, se apresentou no dia 16 de janeiro de 1985, na edição de estreia do festival. Ele teve que assinar um contrato que proibia que devorasse morcegos no palco. Mais tarde, Osbourne declarou em sua biografia que ficou decepcionado com o Brasil, já que, segundo o livro, “esperava encontrar garotas de Ipanema, mas não vi nenhuma. Havia só um monte de crianças pobres correndo pelo lugar como ratos”.
-
Freddie Mercury foi um dos destaques no palco da primeira edição do festival. Nos bastidores, no entanto, ele não foi dos mais simpáticos. Para atravessar um corredor, o vocalista do Queen exigiu que todos que estavam por ali entrassem nos camarins. A atitude irritou a todos e, quando o cantor passou, um coro berrava: “Bicha!”. Quando voltou a seu camarim, o astro ainda encontrou tudo quebrado por lá.
Show do Queen em 1985
-
Freddie Mercury também teve um caso com o motorista brasileirocontratado para atendê-lo. Encantado com a gastronomia carioca, pediu que o chauffeur o levasse ao “melhor restaurante italiano da cidade”. Acabaram no restaurante La Mole.
-
Os principais nomes do rock nacional participaram da primeira edição do evento e até mesmo alguns artistas que não estavam em evidência, como Serguei, tiveram oportunidade de marcar presença. No entanto, por incrível que pareça, a Legião Urbana, maior nome do gênero na época, ficou de fora da festa;
-
O primeiro músico que esteve nos palcos do Rock in Rio foi Ney Matogrosso. Em 1985, ele cantou para 140 mil pessoas e iniciou o show com a música “Desperta, América do Sul”.
-
O dia 11 de janeiro de 1985, que teve Queen, Iron Maiden, Whitesnake, Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Erasmo Carlos e Ney Matogrosso, levou nada menos que 300 mil pessoas à Cidade do Rock, número maior que a população atual de Palmas (TO).
-
Na primeira edição do festival, o Mc Donald’s bateu o seu recorde de vendas, que permanece até hoje. Foram 58 mil hambúrgueres em um único dia. O público também consumiu 1,6 milhões de litros de bebidas (em quatro milhões de copos), 900 mil sanduíches, sete toneladas de massa e 500 mil fatias de pizza.
-
A palavra “metaleiro” foi inventada durante a primeira edição do Rock in Rio. A Rede Globo, que fazia a cobertura exclusiva do festival, inventou o termo para se referir aos fãs de heavy metal.
-
A Cidade do Rock, que abrigou o primeiro Rock in Rio, foi demolida depois do evento por ordens de Leonel Brizola, governador do Rio de Janeiro na época. Em 1991, na segunda edição, o evento aconteceu no Maracanã. Em 2001, no entanto, o espaço foi reconstruído para voltar a abrigar o festival. Foram necessários 33 quilômetros de tecidos e 500 toneladas de aço. Foi montado um palco com 40 metros de altura e 88 metros de boca de cena.
-
O Rock in Rio 1991 aconteceu no estádio do Maracanã. Na ocasião, foram utilizados 3.000 refletores, dos quais 480 eram faróis de avião, posicionados de maneira planejada para iluminar muito bem o evento.
-
A segunda edição do Rock in Rio (1991) foi a que atraiu o menor público na história do evento. Foram cerca de 700 mil espectadores em nove dias de shows. Com 198 mil pessoas na plateia, a banda norueguesa A-Ha foi quem conseguiu o maior público dessa edição.
-
No mesmo Rock in Rio 1991, o cantor Prince exigiu que fossem separadas 500 toalhas brancas para ele, das quais menos de 50 foram usadas. O restante ficou de “brinde” para a família do organizador do evento, Roberto Medina.
-
Além de apresentar dois dos melhores shows da segunda edição do evento, George Michael conheceu no Rio o seu futuro namorado, Anselmo Feleppa. Após a morte do companheiro, em março de 1993, o artista compôs Jesus to a child em sua homenagem.
-
O cantor Lobão foi escalado para tocar na noite de heavy metal da segunda edição, logo após o pesado Sepultura. Os do metal pesado não gostaram nada da presença do músico e o vaiaram. Lobão não aguentou e abandonou o palco;
-
Na terceira edição do evento, em 2001, o baixista da banda norte-americana Queens of the Stone Age, Nick Oliveri, entrou totalmente nu no palco. Ao sair do show, o músico foi autuado por atentado ao pudor, mas não foi preso. Como desculpa, o baixista disse: “achei que não teria problema, todo mundo neste país anda pelado”;
-
A cantora Cássia Eller gastou todo o seu cachê bancando as despesas dos convidados especiais que dividiram o palco com ela durante o show, como a Nação Zumbi. A cantora também é lembrada até hoje por ter mostrado os seios sem o menor pudor;
Cássia Eller
-
Depois de Erasmo Carlos e Lobão, foi a vez de Carlinhos Brown ser vaiado pelo público. Provando que não haviam aprendido as lições das edições anteriores, os organizadores mais uma vez tentaram inserir o músico entre shows de bandas de metal. Brown acabou atingido por centenas de copos de plástico;
-
Em 2004, o evento realizou a primeira edição no exterior. O Rock in Rio Lisboa marcou o início da internacionalização do festival, que em 2008 também estreou na cidade de Madri, na Espanha.
-
Em 2011, o Rock in Rio voltou ao Brasil após dez anos. O festival ficou marcado pela apresentação do Guns’n Roses, que fechou o festival. Com 2h40 minutos de atraso, a banda subiu ao palco embaixo de chuva e Axl Rose matou a saudade do público.
-
Já na quinta edição, o festival ficou ainda mais democrático e abriu espaço também para artistas de axé. Apesar das críticas dos roqueiros, Ivete Sangalo fez um dos shows mais aclamados do dia 13 de setembro de 2013;
-
Em 2015, o evento realizou a primeira edição nos Estados Unidos. O festival aconteceu em Las Vegas, com shows de Metallica, No Doubt e Maná.
Números do Rock in Rio 2019
-
Esta é a 20ª edição do Rock in Rio, sendo 08 edições no Rio de Janeiro e 12 internacionais ( 08 em Portugal, 03 na Espanha e 01 nos EUA);
-
Em 2019 foram 700 mil visitantes em 7 dias de evento;
-
17 áreas diferentes, 9 palcos divididos em 385 m²(60 mil a mais que 2017);
-
Foram 300 horas de música com 250 atrações e 14 horas diárias de programação;
-
Nota média dada pelo público de 9,3, a maior desde 2011;
-
O número de espectadores das duas edições equivale a 25% do público do réveillon de Copacabana, que foi de 2,8 milhõesde pessoas na virada de 2018 para 2019;
-
7 bilhão injetados na economia do Rio;
-
25 mil empregos gerados;
-
60% do público eram de fora do Rio;
-
50 mil pizzas da Domino´s vendidas, 15 mil eram pepperoni;
-
20 mil Batatas no Cone vendidas;
-
73 mil coxinhas do Ragazzo consumidos;
-
325 mil baldes de pipoca do Cinemark vendidos, a comida mais vendida;
-
392 mil copos de água cristal, o equivalente a 121.265 mil litros;
-
606 mil latas e aproximadamente 212 mil litros de refrigerante da Coca-Cola;
-
35 mil copos de café Três Corações vendidos;
-
500 mil latas de Red Bull vendidas;
-
Bebida mais consumida foi o chopp Heineken, 1,5 milhões de copos vendidos;
-
350 toneladas de lixo na Cidade do Rock;
-
163 estações de jogos na Oi Game Play Arena by Game XP;
-
20 mil pessoas passando por dia na Arena;
-
50 mil pessoas curtiram o espetáculo Fuerza Bruta, na Arena Carioca 3;
-
100 mil espectadores na arena Nave – Nosso Futuro é Agora;
-
56 km de fibra ótica instalados pela Oi para o Evento;
-
Tráfego de 164,94 Terabytes com mais de 10,8 milhões de conexões Wi-Fi, sendo o pico de 18.474 conexões simultâneas no Oi Wifi, durante o show dos Paralamas do Sucesso;
-
O consumo parcial de dados nos 7 dias do festival alcançou * 82,85TB*;
-
427 usaram a tirolesa;
-
110 a Roda Gigante;
-
171 a Montanha Russa;
-
326 o Mega Drop.