Festival Internacional da Canção – FIC
22 de outubro de 1966
Um dos festivais que marcou a Música Popular Brasileira foi o Festival Internacional da Canção Popular – FIC. Com sete edições, o Festival Internacional da Canção atravessou os piores anos da censura na ditadura militar… permanecendo na pauta da mídia brasileira. O I FIC foi realizado em parceria com a TV Rio, em 1966, enquanto os demais foram produzidos pela Rede Globo de Televisão.
O FIC revelou grandes compositores e cantores de nossa MPB, como: Milton Nascimento, Raul Seixas, Geraldo Vandré, Nana Caymmi, Cynara e Cybele, Evinha, Trio Ternura, Raimundo Fagner, Tony Tornado, Alceu Valença, Belchior e Osvaldo Montenegro. Além dos já famosos Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, Vinicius de Moraes, Jorge Ben, Elis Regina, Maysa, Claudete Soares, Maria Bethânia, Tuca, Gal Costa.
Criado por Augusto Marzagão, o Festival Internacional da Canção (FIC) foi realizado em sete edições, de 1966 a 1972, no Maracanãzinho (RJ). Com sua perspicácia e persistência, Marzagão conseguiu colocar o Brasil no circuito internacional da música. O FIC marcou também a presença de diversos profissionais do rádio e da televisão brasileira, como o apresentador Hilton Gomes como o seu “Boa noite, maestro!” e “Atenção, Rio! Atenção, Brasil! Atenção países participantes do I Festival Internacional da Canção Popular!”, frases que ficaram na memória de todos os telespectadores que acompanharam a série do FIC.
Marzagão conseguiu levar ao Rio de Janeiro um time de primeira linha de estrelas internacionais da música, produtores e até do cinema. Ao longo das edições do FIC, principalmente nos primeiros anos, a capital fluminense recebeu figuras como o produtor Quince Jones, os ícones da música internacional Henry Mancini e Michel Legrand, a atriz norte-americana Kim Novak, entre outros. Convidados que viajavam sem cachê, conquistados pelas belezas prometidas do Rio de Janeiro e pela habilidade de Marzagão.
Embora o objetivo inicial de Marzagão fosse justamente oferecer à juventude um alento contra a falta de perspectiva com o regime militar, o FIC se tornou uma ferramenta de propagação para o mundo da imagem de alegria e otimismo brasileiros conveniente à ditadura. Desgastado por esse e diversos outros problemas com a cúpula da Globo e o governo da Guanabara, Marzagão ensaiou uma debandada da organização do festival diversas vezes, saindo finalmente antes da sétima e última edição.
O I FIC foi transmitido pela TV Rio e os demais pela TV Globo.
O evento era dividido em duas fases, nacional e internacional. A canção classificada em 1º lugar na fase nacional representava o Brasil na fase internacional do festival, disputando com representantes de outros países o Prêmio Galo de Ouro, desenhado por Ziraldo e confeccionado pela joalheria H. Stern.Apenas duas canções brasileiras foram contempladas com o Galo de Ouro: “Sabiá” (Tom Jobim e Chico Buarque), interpretada por Cynara e Cybele, vencedora em 1968 do III FIC, e “Cantiga por Luciana”(Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), interpretada por Evinha, vencedora em 1969 do IV FIC.
Destaque para Hilton Gomes, apresentador oficial do FIC, que imortalizou a frase “Boa sorte, maestro!”, e para Erlon Chaves, que compôs o “Hino do FIC“, tema de abertura do festival.