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O Cruzeiro revista que trouxe a modernidade editorial ao Brasil
“O Cruzeiro” foi a revista que trouxe para o Brasil a modernidade editorial. Até seu lançamento, a imprensa brasileira estava no “período colonial”, como diria Assis Chateubriant.
Os primeiros anos da década de 20,
Que haviam trazido grandes mudanças em todo mundo, inclusive no Brasil, chegaram a 1928 trazendo o cachorro quente, importado dos EUA; a instalação da primeira fábrica da Fiat; a inauguração de duas grandes rodovias, a Rio-São Paulo (atual Presidente Dutra) e a Rio-Petrópolis – lembrem-se que, àquela época, o Distrito Federal estava sediado no Rio de Janeiro; e o lançamento da revista O Cruzeiro.
Lançamento da Revista
Foi um lançamento estrondoso. Sob a batuta do mítico Assis Chateubriant, O Cruzeiro tinha sede própria, um prédio construído especialmente para abrigar sua redação e administração. Trouxe para a realidade brasileira o profissionalismo editorial: capas trabalhadas, definição gráfica esmerada, ilustrações, além de dar os primeiros passos para a introdução do fotojornalismo, inexistente no país até aquela data.
Editorial de Assis Chateubriant
A força com que nascia a revista, pode ser sentida nas palavras de Chateubriant – primeiro editorial da revista:
“Depomos nas mãos do leitor a mais moderna revista brasileira. Nossas irmãs mais velhas nasceram por entre as demolições do Rio colonial, através de cujos escombros a civilização traçou a reta da Avenida Rio Branco: uma reta entre o passado e o futuro.
O Cruzeiro encontra já, ao nascer, o arranha-céu, a radiotelefonia e o correio aéreo: o esboço de um mundo novo no Novo Mundo. Seu nome é o da constelação que, há milhões incontáveis de anos, cintila, aparentemente imóvel, no céu austral, e o da nova moeda em que ressuscitará a circulação do ouro. Nome de luz e de opulência, idealista e realístico, sinônimo de Brasil na linguagem da poesia e dos símbolos.”
Modernização Editorial
O surgimento de “O Cruzeiro” obrigou as demais publicações nacionais a se modernizarem. Revistas como a “Fon-Fon”, “Careta”, “Revista da Semana” – cá entre nós, nomezinhos desgraçados dessas revistas!!! –, tiveram que se adequar e levar aos leitores brasileiros, mais do que vinham apresentando até então.

Curiosidade:
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A primeira personalidade de capa da revista foi o rei Alberto da Bélgica, na edição nº 2;
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a edição nº 5 foi a primeira capa a utilizar uma foto e mostrava Santos Dumont;
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ininterruptamente, a revista circulou por 32 anos, de 1943 a 1975;
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fizeram história em “O Cruzeiro”: Millôr Fernandes, Péricles de Andrade Maranhão (criador de O amigo da onça) e Rachel de Queiroz;
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geralmente as capas traziam modelos, atrizes e mulheres bonitas. Eram raras as capas políticas.
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recordes: mais de 750 mil exemplares (até hoje, proporcionalmente, a maior); 47 anos de existência (a revista Veja, completa em 2008 40 anos).
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a última edição de O Cruzeiro, veiculada em julho/1975, tem Pelé na capa, então jogador do Cosmos, vestido de “Tio Sam”.
Informações: Fundação Casa de Rui Barbosa; Memória Viva
Ilustrações: Agência Sindical; Almanaque da Comunicação; Descompensando; Juiz de Fora online; Memória Viva; O Globlo; Sesinho
Revista O Cruzeiro n°01 – 1928